#8 Sobre guardar tudo pra si
Um pouco de uma neurótica de que nunca quer incomodar ninguém
Sempre fui comunivativa, e sempre falei como me sentia quando me magoavam. Mas, depois de um ocorrido, minha vida nunca mais foi a mesma. Agora que cresci, sei que é importante me comunicar, mas como?
Odeio sentir que vou incomodar se eu falar o que me chaateou, odeio ser sempre aquela que entende todos e ouve todos, mas que tem medo de ser rejeitada quando for a minha vez. Odeio me sentir mal pelas atitudes de alguém, odeio guardar tudo pra mim. Sinto que vou explodir.
O silêncio é uma arma que atira em quem?
São 23h e minha mente não para de apitar e trazer de novo aquilo que eu andei sentido a semana inteira, mas não tive coragem de contar para a pessoa. Eu engoli no seco, com raiva e tristeza, com angústia.
Meu silêncio é minha arma mais poderosa, contra mim mesma. Quanto mais eu deixo para depois, mais aquilo me acerta bem no fundo, e mais me deixa nervosa com a reação, que eu mesma criei na minha cabeça, que a pessoa teria.
Deito na cama para espairecer e parece que aquilo insiste em me cutucar, me incomodar e mostrar que não está tudo bem. E, ao contrario do que eu falei o dia todo, eu estou exausta com a quantidade de silêncios que gritam na minha alma.
Somos seres comunicativos, ou era pra sermos, e constantemente nos envolvemos em problemas passageiros que tem silêncios eternos, nos envolvemos com pessoas que fazem nossa alma querer gritar enquanto nossa boca fica em silêncio. Prejudicamos a nós mesmos por medo ou amor?
De mente cheia e boca fechada
Tem dias que tudo o que eu mais quero é falar. Descarregar tudo o que eu guaardei por meses, dias ou anos. Mas, o medo é sempre maior e aquela sensação de que talvez eu machuque ou chateie a outra pessoa me deixa paralisada o tempo (Enquanto eu me chateio e me machuco).
Talvez seja pra ser assim, talvez eu carregue silencios até a eternidade, talvez o vento leve com ele, talvez algum dia eu olhe pra trás e decida tomar esse ato de coragem e falar o que guardo.
Só sei que tudo se transforma. Mente cheia, boca fechada e caderno completo de textos onde cada linha é um pedaço da minha alma, um grito silenciado ou um suspiro de cansaço. E, talvez, eu reclame demais, mas meu mecanismo para não explodir é reclamar de pequenas coisas que não afetariam ninguém e que nem me afetam, mas escondem o real motivo da dor, da reclamação ou do cansaço.
Notas.
Essa é para nós, pessoas meio sentimentais demais, meio sensiveis, caladas, fechadas, reclamonas e talvez incompreendidas. Nós somos amadas, e talvez esse pequeno silencio preso na garganta precise sair de alguma forma, talvez com um hobbie, alguma expressão artística ou simplesmente despejando isso pra fora, por meio de palavras. Que não nos prendamos nas possiveis reações de alguém à nossa fala, ao nossos sentimentos, e que nossa mente possa descansar em meio aos gritos que ecoam na madrugada, pois não fomos feitas paara sofrer e aguentar tudo isso.
Somos fortes e, se nos incomoda, temos o direito de incomodar quem causou.
Obrigada pela sua atenção!
Giovana, tua escrita tem o peso e a leveza de quem já engoliu muitos silêncios — e mesmo assim, escolheu transformar tudo isso em palavra. 🍂
É tão fácil se perder nesse labirinto entre o querer falar e o medo de incomodar... mas o que você trouxe aqui é urgente, real, necessário.
O mundo anda cheio de barulho, mas carente de escutas sinceras — e o que você faz, ao escrever com tanta verdade, é um ato de coragem imensa.
Teus parágrafos são quase sussurros gritados — daqueles que a gente sente ecoar por dentro, porque já moraram na gente também.
Essa sensação de ter uma mente cheia e uma boca fechada... ah, como eu entendo. E ainda assim, você encontrou um jeito de abrir janelas no peito e deixar o ar entrar. Escrevendo.
Que nunca te falte esse refúgio.
Que as palavras sigam sendo tua forma de respirar, de existir com verdade, de se libertar dos “engasgos emocionais” que o mundo, às vezes sem querer, nos força a carregar sozinhos.
E te digo com carinho: quem sente, tem o direito de dizer.
Quem se incomoda, tem o direito de incomodar.
Porque a paz que a gente nega pra si mesmo nunca vale o silêncio que a gente oferece pros outros.
Você é ouvida.
E, mais do que isso, você é sentida.
Continue escrevendo. Continue sendo.
E se quiser seguir nessa troca sensível, escrevi recentemente sobre o valor de envelhecer e a beleza de seguir tentando — mesmo em silêncio:
📝 https://alexlimad40.substack.com/p/da-adolescencia-aos-4o
Vou adorar saber se algo te toca nos comentários. 🍂
Com carinho e escuta,
Alex Lima
Silêncio Bonito 🍂
@alexlimasilenciobonito | alexlimad40.substack.com